Jacob Needleman / David Appelbaum
tradução: Élcio de Gusmão Verçosa Filho
ano: 2008
nº páginas: 372
formato: 16 x 23 cm
ISBN 978-85-85115-31-9
Filosofia viva
Os textos desta coletânea são exemplos de como alguns dos grandes filósofos, místicos e escritores, de diferentes épocas e tradições, debateram-se com as questões que constituem o eixo vital da nossa existência moral e espiritual.
Para os antologistas, “filosofia viva” é a reflexão que nasce na mente que procura a si mesma, no ambiente concreto das escolhas do cotidiano, e se ocupa igualmente da ação corriqueira e da configuração misteriosa da existência. É uma força singular na vida humana, que participa tanto da busca interior quanto do processo de descoberta do mundo. Este livro se dirige a todas as pessoas que reconhecem a atração que os valores tradicionais exercem nesta época de crise histórica – pessoas que desejam continuar envolvidas em suas atividades específicas e, ao mesmo tempo, responder ao chamado da verdadeira busca de sentido.
Essa busca não abandona a esfera mundana em favor de algum santuário particular ou laboratório especializado. Afinal, a filosofia não pode, e não deve, afugentar aqueles que dela desejam se aproximar. Ao contrário, hoje, mais até do que na Grécia antiga, onde se multiplicavam os “convites à filosofia”, faz-se cada vez mais necessário convidar os passantes a pensar, como quem convida os amigos para um banquete.
Orelha
Filosofia Viva busca o que há de comum entre tradições de pensamento tão varia das que parecem ter pouco ou nada a ver umas com as outras. O que, de fato, o método de Descartes tem em comum com o Grande Caminho do mestre Sôsan, o iluminado seguidor de Buda? Qual o elo possível entre o “pequeno castelo da alma” da mística cristã de Mestre Eckhart e as chagas de Édipo Rei? O que a sabedoria aforística dos Upanixades tem a ver com a “Religião nos limites da simples razão” de Kant? Nada, realmente, se julgamos o fruto pela casca; nada, se acreditamos que as diferenças de tempo, de língua e de expressão tornam impossível a tradução do mais autêntico produto da alma humana; nada, enfim, se, tomando de empréstimo a famosa analogia,confundimos o dedo que aponta com o que ele quer indicar. Apesar de tudo de grandioso que acreditamos ser, nós mesmos e nossa época evoluída,não continuamos a nos fazer as mesmas perguntas? Não estamos ainda presos na caverna de Platão? Não confundimos a sombra das coisas com as coisas mesmas?
Se entendemos, ao modo socrático, que a essência da filosofia são as perguntas (a “busca”), que somente elas são universais e que, por isso, nunca passam, sempre se transformando e se revestindo da matéria inevitavelmente perecível das palavras, conceitos e expressões; se, enfim, temos essa visão, por assim dizer, humana, da filosofia, só podemos sentir-nos gratificados em saber que, em todos os lugares e gerações, seres humanos como nós fizeram as mesmas perguntas que fazemos, compondo traço a traço a imagem que a todos torna reconhecível nossa humana condição.